sorriso besta . cabelo ao vento . pés descalços . abraço apertado

sexta-feira, setembro 25, 2015

*AMORES MEUS: AMOR*

'Muita coisa importante falta nome.'


¬ Amor
O que vem depois da ventania que acordou a memória? Umas lembranças de coisas boas; a história de amor mais cheia de detalhes e peripécias, e, talvez, a mais difícil de ser relatada em poucas linhas.
Tudo começou lá em Itaúnas, quando o amor me tirou para dançar. Logo eu que não sabia dançar, não tinha molejo e nem requebrava! Mas o amor, assim como a dança, tem dessas coisas, nos surpreende e nos envolve!
Alguém disse que eu e ele combinávamos. E, de fato, nós combinamos muito. Dessa combinação viramos amigos, cúmplices, companheiros, amores. Um amor que virou confusão ou uma confusão que virou amor. Não sei ao certo, porque, realmente, como disse Guimarães Rosa,  pra 'muita coisa importante falta nome'. Um desmesurado amor.
Todas as manhãs ele me acordava com um telefonema: 'amor, te quero'. E eu respondia: 'tô com vontade de você'. Ganhei um beijo de aniversário e dei outro beijo de parabéns. Tinha beijo que parecia mordida e tinha mordida que parecia beijo. Era amor e amizade, beijo e mordida, e um pouco de tudo. 
Ele viajou, por alguns meses, para bem longe, a léguas daqui, para outro país. Me deixou a saudade.
Ele voltou. Me acordou tocando piano e cantando. Vimos filmes de mãos dadas. Deitamos debaixo de uma árvore e ele recitou Luíza de Tom Jobim. Me ensinou a comer comida japonesa. Me preparou um café da manhã. Me levou para caminhar na praia. Fez estrelas de papel e me deu. Fez um desenho e me deu. Por causa dele eu li Fernando Pessoa e Guimarães Rosa. Por causa dele eu assisti Dogville. Fomos em vários shows juntos. Andamos de bicicleta. Fomos à praia. Viajamos para as montanhas. 
Depois ele viajou, por mais alguns meses, para muito longe também. E foi aí que começamos os Bilhetes de Geladeira, que nos mantiveram unidos durante o tempo e diminuindo a distância. Para cada dia, um bilhete:

Bilhete de Geladeira nº 1
Amor, não se esqueça de olhar as estrelas todas as noites!
[assim estarei sempre por perto pra não te deixar sozinho e muito menos triste.]

E foram muitos e muitos bilhetes enviados por e-mail.
Sobre nossas músicas? São várias que fazem a nossa trilha sonora. Afinal, ele me mostrou seu requintado gosto musical; me fez ouvir Keane, King of Convenience, Belle and Sebastian, Esperanza Spalding, Ella Fitzgerald, dentre outros; cantou Good Luck, para mim, pela webcam; me ligou para dizer que estava passando, na TV, o show da Maria Rita; e, então, fizemos de Grão de Amor a nossa música particular e predileta:

"Me deixe, sim
Mas só se for pra ir ali e pra voltar
Me deixe, sim
Meu grão de amor
Mas nunca deixe de me amar."

Rimos juntos. Contamos segredos. Descobri um segredo. Me abraçou bem forte. E choramos juntos. Ele viajou outras vezes e não mais voltou. Me deixou sim, mas nunca deixou de me amar.


FIM


PS.: outras histórias de amor acrescidas de liberdade poética ainda virão. 


quem me inspira hoje: N. N., os amores de um dia

domingo, setembro 20, 2015

*AMORES MEUS: NUVEM DO CÉU*

'Estranho seria se eu não me apaixonasse por você.'


¬ Nuvem do Céu
Era uma vez eu, ele e o ciberespaço.
Eu o conheci quando ainda existia msn, orkut, weblogs, fotologs, zipmail, e quando não existia whatsApp, facebook, gmail, nem Mozzila e nem Google Chrome. Nós nos vimos pela primeira vez pela webcam, quando a irmã dele nos apresentou. A partir desse dia, ele me mandava cartões virtuais, músicas e, também, me telefonava diariamente. Me chamava de estrela, de namorada. E por me chamar de estrela, me mandou esta canção:

"Estrela ilumina o meu céu
Me tira esse féu
Adoça o meu viver [...]"

Eu nunca tinha escutado essa canção e, é claro que, desde esse dia, eu nunca mais a esqueci e nem deixei de cantarolá-la!
Encantada com a doçura dele, eu passava horas e mais horas ao telefone. Adorava a sua voz, o seu jeito de falar, o seu jeito carinhoso e descontraído de ser. Ele cantava pra mim. E eu para ele:

"Não se admire se um dia
um beija-flor invadir 
a porta da tua casa
te der um beijo e partir [...]"

O primeiro dia em que nos vimos tête-a-tête [cara a cara no sentido físico], depois de longos dois meses, ele me deu um abraço apertado, repleto de afeto, e me rodopiou. Naquele dia eu fui embora com um sorriso escancarado no rosto. Nos vimos algumas outras vezes. E todas as vezes que nos encontrávamos, eu me apaixonava mais. Suas mãos eram longas e macias, e seguravam as minhas carinhosamente. Seu jeito dócil me fazia tão bem. Suas brincadeiras me deixavam como quem sonha.
No dia do meu aniversário ele veio na minha casa. E, enquanto eu o aguardava no portão, ele abriu a porta do carro, desceu, e cantou:

"Você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui
Percorri milhas e milhas antes de dormir,
Eu nem cochilei [...]"

É claro que, também, nunca mais, esqueci essa canção!
Ele segurou a minha mão, me deu uma pulseira, me abraçou forte. Eu me apaixonava cada vez mais. 
Mas, ah! E o por que de Nuvem do Céu? Porque como naquela crônica O Saveiro e a Nuvem, do livro "Moça deitada na grama", de Carlos Drummond de Andrade, assim era ele. Um pequeno trecho da crônica que deu nome à ele:

"Contou que viera da Bahia, onde tinha um saveiro. Precisou, vendeu, nunca mais arranjara outro. O nome era lindo: Nuvem do céu é você, o senhor não acha? De uma certa Lucindalva, que parecia nuvem: se a gente chegava perto, queria pegar, ela fugia, ficava só impressão de ar, nem isso. [...]"

Um dia nós saímos. E, quando ele me deixou em casa, eu pedi um beijo, e ele me negou o beijo. Dias depois ele me contou que tinha conhecido a Sabrina.


FIM


PS.: em breve, mais histórias de amor, acrescidas de liberdade poética.


quem me inspira hoje: N. R., os amores de um dia

quarta-feira, setembro 09, 2015

*AMORES MEUS: PÉS DESCALÇOS*

'O amor é paciente.'


¬ Pés Descalços
Ele chegou por acaso, sorrateiramente, como quem não quer nada.
Com os pés descalços, aquela pele branca e cabelo liso escorrendo pelo rosto e um jeito meio misterioso de ser, me ensinou a abrir mão do consumo. Eu não precisava passar batom, nem escovar os cabelos ou mesmo vestir a melhor roupa e usar um perfume francês. Os dias eram mais leves, cheios de sintonia e graça. Havia música o tempo todo fazendo pano de fundo. Palavras ganhavam novo sentido e significado. E, eu  estava ali com ele todos os dias, sorrindo.
Ele, me surpreendendo, se vestiu de mágico, pegou sua cartola e de lá retirou o meu coração. Fez mágica, adivinhou a minha vida, leu um soneto de Dom Quixote

"Ou não cabe no amor entendimento, ou passa de cruel; e a minha pena não iguala à razão que me condena ao gênero mais duro de tormento. Porém se amor é Deus, conhecimento de tudo tem, e condição amena. Qual pois o poder bárbaro que ordena a dor atroz que adoro, e em vão lamento?
Sê-lo-eis vós, filis? Inda desacerto; um mal tamanho em tanto bem não cabe, nem de um céu pode vir tanta ruína. Sinto, e sei que o meu fim já tenho perto, porque em mal cuja causa se não sabe é milagre que acerte a medicina."

Ele andou descalço e devagar, de ônibus comigo, ouviu minha voz lendo textos diversos, sonhou, decifrou-me e decifrou-se, escreveu poesia, me fez ouvir música e ver filmes, se deitou, orou. Viajamos e se deu a viagem mais excepcional. Ele preparou um jantar, me deu uma estrela, me contou um segredo, me deu paz. Durante muitos dias ele cuidou de cativar o meu coração. 
Dias depois ele me recebeu em sua casa, me levou para ouvir jazz, fez poesia de novo, andou comigo de moto pela cidade, fez um jantar de despedida e me deixou um cartão - dentro do caderno - que dizia

"Sem você parece que falta um pedaço...
Sinto saudades!
Você completa, soma, compõe. 
Assim é você."

FIM



PS.: em breve, outras histórias de amor, acrescidas de liberdade poética. Aguarde!


quem me inspira hoje: B. A. , os amores de um dia

segunda-feira, setembro 07, 2015

*CENAS DO PRÓXIMO CAPÍTULO*

'[...] do nosso amor a gente é que sabe.'


A vida é tão dura. Os noticiários são repletos de trágicas notícias. O dia a dia é muito exaustivo. Mas vem o amor que nos une, que compensa tanta coisa, que nos faz flutuar, que nos coloca um sorriso no rosto sem a gente menos esperar, e vence tudo e todos. 

Em breve, histórias baseadas em fatos reais sobre o amor e os amores da minha vida. Aguarde!


"Não, a vida não pode ser entendida em duas dimensões, como numa página. Ela precisa ser vivida; toda pessoa precisa sair de sua cabeça, precisa se apaixonar, precisa decorar poemas, precisa saltar de pontes para rios, precisa ficar de pé em um deserto e sussurrar sonetos sob sua brisa."
[Fé em Deus e pé na tábua, Donald Miller]


quem me inspira hoje: os amores de um dia, los hermanos