sorriso besta . cabelo ao vento . pés descalços . abraço apertado

segunda-feira, fevereiro 13, 2017

*A SOLIDÃO*

'Triste Bahia!
Óh quão dessemelhante.'


Preliminarmente a solidão é hostil. Não pede licença. Puxa a cadeira e senta do seu lado. Afasta tudo e todos ao seu redor. Você, absorto em seus pensamentos, nem percebe. E aos poucos, abraçado pela solidão, acaba cedendo a sua cama para ela. E dorme com ela. Fecha os olhos.
Mas, sutilmente você vai percebendo que é preciso abrir os olhos. Então você acorda e empurra a solidão. Não parecida é a sua força com a da solidão. Só que aos poucos sua força vira tabuada e se multiplica. Você se levanta e, mais uma vez acorda. Acorda pra vida!
Ligeiramente seu riso se afrouxa novamente. Então, com um sorriso de canto a canto no rosto, você mexe o seu corpo de um lado para o outro e dança. Quase nem se dá conta que é feliz quando sorri e dança, quando conversa com Deus e vê o mar bater as ondas serenamente e balançar. E o seu corpo balança. E sorri.

O caos sufoca! O silêncio assusta!
Mas, não tão de repente, a paz sossega no peito!


"A insignificância, meu amigo, é a essência da existência. Ela está conosco em toda parte e sempre. Ela está presente mesmo ali onde ninguém quer vê-la: nos horrores, nas lutas sangrentas, nas piores desgraças. Isso exige muitas vezes coragem para reconhecê-la em condições tão dramáticas e para chamá-la pelo nome. Mas não se trata apenas de reconhecê-la, é preciso amar a insignificância, é preciso aprender a amá-la."
[A festa da insignificância, Milan Kundera]


quem me inspira hoje: o caos

sábado, fevereiro 04, 2017

*VENCEDOR OU PERDEDOR*

'[...] vou misturar Miami com Copacabana
Chicletes eu misturo com banana.'


sobre o cotidiano peculiar - parte II

ele, intrepidamente, mandou para ela um questionamento um tanto quanto pessoal: "Começo a questionar a posição de vencedor e perdedor. O que é isso? [...] Perdedor é aquele que não conquista as coisas?". precavida, ela respondeu: "Aos olhos da sociedade, vencedor é quem enfrenta tudo e todos". ele, inteligentemente, continuou a indagá-la: "Então você está me dizendo que vencer ou perder depende de uma construção social, e de que te apontem o que é ser vencedor e ser perdedor?". timidamente ela disse que sim. então, ele continuou com seus questionamentos demasiado intrigantes: "Se isso é imposto - uma construção social - então a liberdade de escolha existe? Sim, ser perdedor ou vencedor, mas ora bolas, se eu escolher o meio termo, serei medíocre. Então, na verdade, minhas escolhas são baseadas nas coisas impostas. E, se me são impostas, como pode ser escolha?" ela inspirou profundo e longamente e, em seguida, respondeu: "Para nos tornarmos vencedores precisamos vencer um desafio imposto, ganhar algum tipo de batalha, provar que somos capazes, do contrário, perdemos a luta. Não precisamos mostrar para alguém que vencemos? Então, para nos tornarmos vencedores temos que nos submeter às condições sociais impostas. Sendo assim, é uma escolha nos submetermos; mas vencer ou perder é resultado disso. Talvez tudo isso - perder ou vencer - seja um jogo imposto, no qual quem não se submete à ele seja o real vencedor, e não o medíocre!" surpreso com as palavras eloquentes por ela colocadas, ele continuou: "Bem posto! O caminho, acredito eu, é este, questionar toda essa construção social e, perceber o quão ela é depreciativa da vida humana." "Para tanto, ela acrescentou, ser um revolucionário?!" ele concordou plenamente. e prosseguiu o pensamento: "Revolução começa quando reconhecemos a nossa condição dentro de um coletivo, e não, apenas, nos isolarmos." o questionamento por ele colocado foi, por hora, encerrado com a sensatez das palavras dela: "Precisamos ser validados e estimulados; e aprender que nossas escolhas é que nos fazem e nos moldam. Temos que deixar de sermos tachados de vencedores e/ou perdedores. Precisamos ser HUMANOS e buscarmos o que é bom e amável (em todas as áreas). Cada um com aquilo que tem de bom - com suas qualidades - somado ao outro e somado ao outro, e assim por diante. Assim seremos melhores e deixaremos de lado o que não é bom em nós." [nossas mentes necessitam de estímulo. e a monotonia precisa ser transgredida.]


"A vida cura a vida e o amor supera em nós o ódio que mata." 
[Leonardo Boff]


quem me inspira hoje: Pedro Henrique, os que são revolucionarios

quarta-feira, fevereiro 01, 2017

*COTIDIANAMENTE*

'Se um dia eu não souber amar
Não puder cantar 
...
Nesse dia eu não serei mais eu.'



sobre o cotidiano peculiar

- dias atrás, ao caminhar lentamente pela rua, ela cruzou com duas senhoras que seguiam, tagarelando, na direção oposta: "_ eu poderia até gostar de homem baixinho, mas se for para gostar, ...". [gostar é um verbo transitivo indireto. e que nos torna a todos iguais. e para ele não existe tempo exato, certo ou propício. gostar é para quem quer viver e sentir prazer.]

- ontem ela entrou no ônibus, se sentou no assento do corredor. então veio um rapaz vistoso, com sua cesta repleta de brigadeiros e palhas italianas, parou ao lado dela, abaixou a fronte e lhe ofereceu um brigadeiro. ela negou. depois ele anunciou, em alto e bom som, os seus produtos para os passageiros. antes de descer, com um sorriso nos lábios, ele apontou o seu dedo indicador na direção dela e lhe disse para estar preparada para a próxima oportunidade. [a simpatia e o sorriso são atitudes gratuitas que só nos fazem bem. aproveite a oportunidade de sorrir de volta.]



"Se soubesse como gosto das suas cheganças,
você chegaria correndo todo dia."
[Leite Derramado, Chico Buarque]


quem me inspira hoje: os transeuntes, a rua