Os nomes empregados são fictícios.
Faz-se uso de trechos da música Telefone da banda capixaba Crivo.
“O telefone não toca...”
— Alô!
— Ei minha bela Duda.
— Caio (ela fala com uma voz morosa e branda). Que bom que você me ligou...
Caio ligava para Duda sempre. Era um bem querer quase que diário. Duda sentia prazer em ouvir a voz viril de Caio que soava doce aos seus ouvidos. Ele ligava para Duda quando ela menos esperava e quando esperava também. O telefone de Duda tocava praticamente todos os dias (era uma repetição contínua de um mesmo som; parecia até que era cd arranhado) e, em diversas situações (e ela nem se importava): quando lavando as vasilhas, quando tomando banho, quando dormindo, quando lendo, quando secando os cabelos ou fazendo as unhas e, também, ligava apenas para cantar uma canção e para desejar boa noite e bom dia para ela. Caio fazia questão de demonstrar para Duda o quanto ela era importante para ele. Os dois perdiam, ou melhor, ganhavam horas a fio (e haja fio!) em uma ligação. E, Duda não se cansava de ouvir o som da voz, as histórias e as juras de amor de Caio. O tempo parecia se estagnar e, Duda ficava como quem sonha, hipnotizada ao ouvir a voz de Caio (que existia por meio de sinais elétricos). Duda criava asas e se transportava para o mundo encantado de Caio. Era a transmissão mais real. Duda ficava com suadas mãos e um pulsar constante no coração. Era tanta emoção que quase não cabia no seu coração. Duda era a namoradinha de Caio. Até que um dia o telefone parou de tocar. Agora, quem provavelmente e, para Duda, lamentavelmente deveria esperar ansiosamente pelas ligações de Caio era a...
— Alô!
— Oi!
— Quem é?
— Aqui é o Geraldo. É da casa do Carlos?
— Não. Não tem nenhum Carlos aqui.
— Desculpa. Foi engano.
pum pum pum...
“o telefone não toca e, eu acreditando que não terminou...”
THE END
Eu vou, mas eu volto... *estrela*