sorriso besta . cabelo ao vento . pés descalços . abraço apertado

segunda-feira, junho 25, 2007

*DESCONHECIMENTO*

desconheço a minha forma engaiolada, e desconheço a minha receita de bolo, e desconheço a minha roupa usada, e desconheço o meu livro rabiscado, e desconheço a minha máscara velha, e desconheço o meu chinelo largado, e desconheço as minhas palavras encontradas, e desconheço o meu casulo abandonado, e desconheço o que um dia eu conheci.

"Quem conhece a sua ignorância
revela a mais alta sapiência.
Quem ignora sua própria ignorância
Vive na mais profunda solidão.
Não sucumbe à ilusão
Quem conhece a ilusão como ilusão.
O sábio conhece o seu não-saber,
E essa consciência do não-saber
O preserva de toda ilusão. "
[[Lao-tsé - poema 71 do Tao Te Ching]]


"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
[[Clarice Lispector]]

Viver ultrapassa toda compreensão.
É muito mais que saber.
Viver é uma festa.
É sucumbir-se à glória divina.
E, não entender
é despojar de si mesmo.
É abster das significações
e encontrar o que é sublime.


Eu, mas eu volto... *estrela*

Um comentário:

Maressa Moura disse...

nuuuusss...foda demais isso né?
clarice é uma loucaaa que escreve loucamente bem..
mt fera! ^^

beijoo!