sorriso besta . cabelo ao vento . pés descalços . abraço apertado

sexta-feira, fevereiro 12, 2016

*AMORES MEUS: MEU BEM*

'Eu sei é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim.'


¬ Meu Bem
Quiçá esta, também, seja a história de amor mais difícil de ser relatada em poucas linhas. É inegável e patente que uma história de amor não é igual a outra; cada qual com sua singularidade e importância. Mas esta é, sem sombra de dúvida, a história de amor mais duradoura, cheia de idas e vindas, com o fim nunca palpável e sempre à espreita de um novo recomeço.
Assim como no circo e na vida, o acaso também tem as suas mágicas [parafraseando Milan Kundera].
Era festa de família e, eu estava ali quase que como uma intrusa, como uma formiga no bolo, uma abelha no mel. E, ele apareceu naquela tarde de sol a pino, quando eu menos esperava encontrar alguém que me enchesse os olhos e me fizesse suar as mãos. Ao avistá-lo, pensei que ele - alto, moreno e um tanto bonito - nunca iria olhar para mim. Eu que não era nem loira, nem muito menos tinha um corpo sarado para fazer jus à beleza dele [assim era como eu imaginava. assim era eu com meus achômetros]. Ledo engano! Nossos olhares se encontraram bem debaixo de uma sombra de árvore, numa longa conversa em uma tarde de sol no sítio Paraíso. E, naquele mesmo dia, naquela festa ao luar, naquela noite fria, parecia haver uma conspiração cósmica à nosso favor. Pistas, doces e travessuras deixadas pelo caminho me levaram até ele. Um beijo aconteceu e nossas mãos se entrelaçaram. Ele me abraçou. O frio acabou. E, um sorriso aberto em mim se fez.
Desse dia em diante foi um turbilhão de emoções e sensações, em miúdos. E no meio de milhões de querer, eu me achava perdida, ou melhor, perdidamente apaixonada. Eram ligações a todo instante só para me chamar de meu bem, viagens para nos vermos, encontros e despedidas. Era começo sem início, fim sem final. Era ida e era volta. E toda ida me destruía, me embaraçava, me destroçava. E toda volta me revirava, me retirava da rota, me desconcertava. E os sentimentos nessa hora? Estupefatos!
Bem como eram cartas de amor - enviadas pelo correios - que falavam de uma casa no campo, com árvores, sombra e rede, cachorro, borboletas vagueando e pássaros a cantar; que falavam, também, da lua e do céu estrelado, de desejos e sonhos, de uma canção e uma oração. 
Era uma música para mim:

"Difícil não lembrar do que nunca se esqueceu
Fácil perceber que o seu amor é meu."

Também era uma música para ele:

"Eu me conheço mais
Olhando pra você eu vou
Descobrindo quem sou."

Eram lembranças de um dia bom, presentes, sabores e cheiros. Eram abraços afogados em lágrimas e, lágrimas desmanchadas em beijos. E, era, espantosamente, um pedido de casamento.
Eu sonhava, sonhava absolutamente acordada e, nem imaginava que um sonho bom pudesse se transformar em um pesadelo. Ele que num dia disse que me queria para sempre, num outro dia me pediu um minuto de sossego. Nesse dia o minuto se transformaria em eternidade, em para sempre. Mas, como já dizia O Teatro Mágico, "a cena repete, a cena se inverte [...] e o fim é belo incerto". E o fim dessa história? É um sempre no nunca, é belo incerto, eu sei.


FIM


PS.: talvez essa seja a última história de amor, acrescida de liberdade poética, aqui contada.


quem me inspira hoje: F. E., os amores de um dia

Nenhum comentário: