“Uma vez, no Arizona, estava fazendo jogging em uma estrada de terra que seguia sinuosa em meio a artemísias e cactos arborescentes quanto topei com uma clínica para desordens alimentares que acometem os ricos. Saí de minha trilha poeirenta do deserto para uma pista de corrida bem tratada que, logo descobri, era uma milha de doze etapas. Avisos com dizeres motivadores como “Aguarde um milagre!” acompanhavam a trilha e, à medida que avançava, passava pelas etapas do plano de recuperação semelhante ao das associações anônimas. Avisos na trilha insistiam para que o corredor admitisse que seu corpo estava fora de controle e que ele não tinha poder para controlar seus hábitos alimentares. Com mais de um quilômetro, a trilha passava para etapas mais avançadas, para a necessidade de depender de amigos e de uma Força Maior. Avisos colocados ao lado de bancos em cada uma das doze etapas encorajavam os participantes a descansar e a refletir sobre seu progresso.
A trilha terminava num cemitério com pequenas inscrições
[Trecho retirado do livro O Deus (in)visível de Philip Yancey]
Não era minha intenção postar aqui textos sobre o início do novo ano que se inicia com suas dicas fabulosas de felicidade e mudanças na vida [Nada contra textos assim. Eles fazem bem.]. Mas, ao ler o trecho citado acima, fiquei a meditar nele e, incomodou-me o fato de que realmente se faz necessário em nosso viver sepultarmos certas nocividades para que os sonhos renasçam sem resquícios danosos. E, talvez, o início de ano seja uma data oportuna para fazermos isso.
Na minha sepultura a inscrição: “Aqui, jaz o medo de enfrentar desafios”.
“Todas as noites, depois do jantar, a molecada do bairro se amontoava no portão da minha casa: era a hora negra das histórias dos lobisomens, bruxas, almas-penadas, tinha uma procissão de caveiras que passava à meia-noite, cantando, ô Deus! Como eu tremia...”
[Lygia Fagundes Telles]
Aqui jaz todas as coisas ruins!
4 comentários:
Nossa, Ju, que achado este texto do Philip Yancey! Fantástico...
Não sei o que eu enterraria... talvez o meu medo, assim, puro e simples. Talvez a minha impulsividade, mas sem ela eu não seria quem eu sou, e não faria as coisas que eu já fiz (e q não me arrependo nem um pouco de tê-las feito...). Realmente, vc me fez pensar!
Beijos,
Ana
www.mineirasuai.blogspot.com
Gostei do texto, faz a gente pensar no que gostaria de sepultar de vez. Mas eu fiquei aqui matutando...e vi que todos os meus defeitinhos sao para eu saber que sou humana e que aos poucos quando vou eliminando-os, vou me tornando eu mesma!
Bons eram os tempos que sentia medo dessas estórias.
Beijos Ju.
Eue faço uma sepultura gigante ou várias? Há tantos monstros na minha vida que eu queria enterrar... Belíssimo post de início de ano... Parabéns por esse blog maravilhoso que trará boas meditações nesse 2008. Fique com DEUS!
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